A transformação como um caminho contínuo
Quanto mais estudo sobre as terapias naturais e a concepção holística de saúde, mais claro se torna para mim o fato de que nossas doenças são grandes oportunidades de aprendizado e transformação.
Nosso corpo generosamente exterioriza nossas experiências mal assimiladas – traumas, feridas antigas, dificuldades de relacionamento e necessidade de aprimoramento do ser – numa tentativa de que percebamos a necessidade de mudança.
A escolha sobre o que fazer com os sintomas apresentados é inteiramente nossa. Podemos calá-los com medicamentos ou aprofundar a escuta, buscando os significados da somatização. Há total livre arbítrio!
Escolhendo o segundo modo de encarar, a doença se transforma automaticamente em um caminho para a autocura. Ainda que fisicamente os sintomas persistam, já não seremos mais as mesmas pessoas. Estaremos atentos a quem verdadeiramente somos, a como manifestamos ou não nossos potenciais, ao que valorizamos e priorizamos no cotidiano.
Veremos nos nódulos as mágoas cristalizadas. Enxergaremos nas articulações rígidas e doloridas, toda a nossa inflexibilidade; no estômago ardendo, tudo o que gostaríamos de ter dito e foi engolido por medo. Talvez consigamos perceber nas alergias as dificuldade de relacionamento com o mundo e aceitação da vida como ela é e não como gostaríamos que fosse. E assim por diante…
Claro que estas são apenas possibilidades de entendimento. O ser humano é bem mais complexo do que um glossário de significados prontos para doenças. Nosso corpo carrega ainda questões sistêmicas, padrões familiares, culturais e sociais. A significação exata de uma enfermidade só pode ser encontrada com longa investigação e abertura sincera para tal.
Outras vezes ainda a doença surge como um bloqueio inconsciente de ações que levariam a um mal maior para nós mesmos. A mão que machucaria o outro é paralisada ou se enfraquece. O excesso de trabalho é barrado por uma depressão para não nos levar a um infarto ou AVC. Entre tantas outras possibilidades.
São inúmeros os avisos dados por nosso corpo físico na esperança de que modifiquemos nossos hábitos, valorizemos o que há de mais importante e percebamos o que é efêmero e insignificante.
Aos poucos, a cura se manifestará nos planos emocional, mental e espiritual. Dependendo da gravidade dos sintomas físicos e do tempo de vida ainda disponível, é possível reverter a doença física totalmente. Ou, mesmo que isso não seja mais viável, poderemos ser pessoas internamente curadas, que já não mais se machucam ou machucam os outros.
Nossas ações, agora conscientes, terão impacto exponencial nas pessoas que estão ao redor.
Vale lembrar ainda que a autotransformação se dá continuamente, um processo que abrange toda a vida. Mesmo assim, podemos ter saltos de consciência ao longo do processo processo. São estes os presentes que a vida nos dá em experiências profundas que levam à aceleração no caminho do aprimoramento. Muitas das nossas doenças fazem parte dessas oportunidades de salto.
Ao nos fecharmos para essas oportunidades, permanecendo imóveis, nossa existência terrena corre o risco de ser pouco aproveitada.
Se eu não conseguir ser o melhor que posso para mim e para meus co-habitantes do planeta, meu tempo terá sido vão. Todo o trabalho para apenas sobreviver, pesará e deprimirá.
Talvez por isso tantos idosos atualmente precisem se esquecer de quem são, através das tantas demências. Deve ser horrível atingir determinada idade e ver que se desperdiçou o bem mais precioso que recebemos ao nascer na busca por ilusões.
Na semana passada conclui um curso ótimo de Psicossomática e fizemos uma reflexão sobre o Poema Se, do Professor Hermógenes. Reproduzo abaixo para que você possa também refletir sobre o caminho que tem tomado, sobre a possibilidade de transformação interna e sobre o que suas doenças podem estar tentando comunicar.
Para que não conhece, o Professor Hermógenes foi um dos pioneiros na difusão da yoga e da terapia holística no Brasil, tendo deixado vasta obra e imensos frutos.
Poema Se
(Professor Hermógenes)
Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia…
Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas…
Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser…
Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo…
Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,
E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou…
Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio…
Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu…
Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia…
Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende…
Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim…
Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito…
Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz…
Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou…
Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.
Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.
Caso você queira entrar agora no caminho do autoconhecimento através das terapias naturais, não perca tempo. Agende sua primeira consulta aqui. Dê a você a oportunidade de se aprimorar e viver ao máximo quem você é.