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Sobre a necessidade do silêncio

Sobre a necessidade do silêncio

Eu gosto muito de ficar em silêncio. Na verdade, mais do que  gostar, tenho uma necessidade profunda desses momentos. De ficar sozinha, com meus próprios pensamentos, ou simplesmente observando o mundo ao meu redor.

No entanto, sempre me chamou a atenção o quanto as pessoas tem dificuldade de permanecer quietas.

Observo que quando estou na companhia de outras pessoas e o silêncio acontece por mais do que 1 ou 2 minutos, às vezes menos do que isso, surge um constrangimento no ar. Logo, alguém inventará um assunto, por mais desinteressante que seja, somente para evitar os momentos de quietude. É quando surgem os comentários sobre o clima, o trânsito, a violência na cidade, as reclamações da crise, etc.

Quando morava em São Paulo, costumava observar a fuga do silêncio acontecer por meio da conversas entre desconhecidos nos ônibus. Ah como eu detestava ser abordada por pessoas que não paravam de falar! Não que eu não goste de conversar, mas a maioria das pessoas não procura um diálogo, querem apenas falar incessantemente.

Agora, com os smartphones já não há mais esse incômodo. (risos) No entanto, as pessoas continuam a fugir de si mesmas ou da observação ao redor, por meio da tecnologia. Aliás, a tecnologia é uma arma poderosa contra o silêncio, já que a maioria de nós, por mais calado que aparentemente esteja, está sempre se comunicando com alguém à distância.

Não sei você, mas há bastante tempo eu percebo que nas famílias a TV tem o papel de mascarar a falta de comunicação entre seus membros. Vejo que, em algumas casas, a televisão é ligada assim que o primeiro habitante acorda. Por mais que a pessoa não pare diante do aparelho para prestar atenção plena! Vai tomar café, dar comida pro cachorro, tomar banho, e a telinha falante permanece ligada. Quanto ao diálogo entre os co-habitantes, quase não existe, mas, como há barulho, já não há desconforto.

Você já experienciou fazer uma visita a alguém e ao invés de ter uma conversa agradável, o anfitrião ligar a TV e te passar o controle ou colocar num programa que ele adora? A pessoa acha que você só estará à vontade com a presença desse terceiro elemento; como se vocês não fossem companhia suficientemente boa um para o outro.

Parece que para se ter silêncio acompanhado, o requisito é que exista muito intimidade. Quando conhecemos o outro suficientemente, conseguimos, então, respeitar os momentos de reflexão e solitude que uma vida consciente exige.

Mas, por que necessitamos do silêncio?

Porque não há autoconhecimento ou amadurecimento sem ele. Somente em silêncio, conseguimos olhar para nós mesmos. Somente calados temos percepção de quem somos, do que gostamos e o que queremos da vida. Mais do que isso, é nesses instantes que percebemos nossos defeitos, o que precisa ser aprimorado e a realidade da situação que estamos vivendo.

Isso porque o excesso de barulho serve para disfarçar nossas insatisfações e preencher um vazio existencial.

Somente em silêncio, podemos ampliar nossa consciência a respeito do mundo em qualquer que seja a abordagem escolhida – social, política, econômica, histórica, filosófica, espiritual, holística, etc. Veja os grandes estudiosos, monges e yogues. Todos eles cultivam  grandes períodos de silêncio e meditação.

Também o excesso de estímulos faz com que nosso estado emocional seja afetado. Entramos em constante estresse, em estado de tensão e ansiedade. Basta ver o quanto habitantes de grandes cidades são mais tensos do que aqueles que moram no campo ou em pequenas cidades.

Eu, que fiz essa mudança recentemente, morando no sítio, sinto essa diferença a cada vez que retorno a São Paulo. O excesso de barulho me causa cansaço, irritação e insônia.

Além desses fatores, o silêncio é fundamental para nosso cérebro. Pesquisa realizada em ratos comprovou que com 2 horas de silêncio  diárias, o cérebro deles foi capaz de se regenerar, tendo um visível crescimento no número de neurônios do hipocampo e, posteriormente, de outras áreas cerebrais. Isso comprova um efeito extremamente positivo do silêncio.

No futuro, quem sabe o silêncio será recomendado como remédio para diversos males?

Enquanto isso não acontece, experimente você, por conta própria, manter-se em silêncio por 20 a 30 minutos a cada dia. Se puder, faça um retiro de silêncio por um ou dois dias junto à natureza. Será uma experiência incrível, pode apostar!

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